domingo, 15 de novembro de 2009

Dinheiro jogado fora e oportunidades perdidas

  
Reportagem do Globo de hoje, domingo 15, feriado da Proclamação da República, dá conta de algo que os cariocas inteligentes e de boa fé já sabem há muito tempo: investir em favelas é uma bobagem que interessa apenas a catadores de votos em eleições; e não oferece chance de vida digna a ninguém.

O jornalista Fábio Vasconcellos apurou que, entre 1983 e 2009, já foram gastos em 'melhoramentos' (prefiro entre aspas, pela inexatidão do termo), cerca de R$ 123 milhões, dinheiro suficiente para comprar bons apartamentos de 2 quartos, no valor de R$ 84 mil, para cada um dos 1.460 'beneficiados' (idem). O Dona Marta não é das maiores favelas da cidade e fica numa encosta extremamente íngreme, característica que torna as intervenções mais difíceis e mais caras.

Até o IAB, Instituto dos Arquitetos do Brasil, faz coro quando se aborda a estratégia de solução para o problema – grave – da favelização no Rio de Janeiro. Foram feitos 'investimentos' (outra vez) de mais de R$ 1 bilhão em 168 favelas, através da maquiagem proporcionada pelo Favela-Bairro, num mesmo período em que a cidade viu surgirem novas 250 favelas. O poder público 'enxugando gelo', como define Dayse Góis, presidente da entidade.

Já o secretário estadual da Casa Civil, Régis Fichter, rechaça o uso de indenizações como política urbana, usando a saída honrosa de que é muito dinheiro destinado a poucas favelas, em detrimento de outras, que não teriam tratamento igual. Ele considera que o mercado imobiliário deva estabelecer um equilíbrio posterior, adquirindo os imóveis e investindo em infraestrutura nesses locais – pertencentes ao poder público e onde hoje moram pessoas que estão por receber títulos de posse de suas invasões, emitidos pelo governo. Só em Copacabana (Pavão-Pavãozinho) e Ipanema (Cantagalo), serão 3.300 premiados com o documento.

Comentários de leitores do jornal, logo abaixo da notícia, propõem uma explicação para se continuar a pôr dinheiro do contribuinte nesse tipo de ação: o retorno em votos nas eleições (quaisquer eleições), além da propina que possa advir da contratação de grandes obras de 'reurbanização'. Há quem esteja acordado, vendo esse tipo de desmando acontecer. Pena que não reaja a contento e ajude a minar a perpetuação de políticos como esses, a quem interessa preservar a miséria, ainda que controlada, para que sirva ao convencimento na hora de se decidir quem fica nos palácios e quem deles sai.


Boa Tarde, Rio!

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