terça-feira, 27 de outubro de 2009

Esperando o ônibus

  
Quase uma semana atrás, no dia 21 (quarta-feira), um detalhe curioso me chamou a atenção: na foto de capa do jornal Extra, diante de um ônibus da linha 636 (Saens Peña - Gardênia Azul), sete pessoas formavam uma barreira na Rua Barão do Bom Retiro, no Engenho Novo – junto aos acessos ao Morro de São João, favela envolvida no confronto com o Morro dos Macacos, de Vila Isabel, que lhe fica próximo.

Quatro mulheres, uma das quais brandindo um chinelo e outra, com uma criança de colo, provavelmente com 1 ano apenas. Dois meninos, de seus 8 e 12 anos, talvez. Pessoas que não se imaginam na linha de frente de uma baderna, mas que certamente estavam ali para iniciar uma. Com que propósito e a mando de quem? Perguntas que não querem calar, nem sob forte ameaça.

Perguntas que suscitam outras, como por que apenas ônibus são visados, nessas situações de perturbação da ordem? Alguém já viu porem fogo, especificamente, em vans ou kombis? Curiosamente, não. Haveria alguma relação oculta nessa mera observação, coisa até que a imprensa já houvesse notado mas não tivesse tido a coragem de apontar?

Aliás, curiosa é a imprensa. Quando entrevista alguém, em local público, faz um esforço absurdo em esconder eventuais logomarcas que apareçam em segundo plano, em função de sua própria localização, chegando por vezes à pieguice de jogar (d)efeitos visuais para distorcê-las. Mas não se esquiva de discorrer sobre facções criminosas e seus chefes, dando-lhes a todos nomes, sobrenomes e apelidos, num marketing que a boa e velha ética manda evitar.

E parece seguir a vida nas cercanias das favelas, redutos conhecidos do tráfico e de marginais em geral. Aos trancos e barrancos, dentro do que o humor dessa gente permita.


Boa Tarde, Rio!

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